11 de março de 2013

RUMO À PERPÉTUA FELICIDADE

A cada episódio da História se observa que os homens, quase ininterruptamente, brigam, litigam, guerreiam por algo. Às vezes o objetivo da luta parece ser uma coisa simples como alimento e água; outras disputas acontecem por causa de territórios; em outras ainda se percebe o desejo da glória e da honra.

A gama de lutas é incalculável e vai desde as disputas internas e individuais - por exemplo, quando alguém tem que vencer um obstáculo que está dentro de si - até disputas mundiais.

Tudo isso ocorre porque a "vida do homem sobre a terra é uma constante luta" (Job 7, 1). Luta por alimento? Sim, pois todos os dias milhares de pessoas pedem a Deus: "dai-nos hoje nosso pão de cada dia" (Mt 6,11) Mas como "nem só de pão vive o homem" (Dt 8, 3) Poder-se-ia dizer que todas as contendas existentes têm, em última análise, um único e específico fim: a felicidade.

Se é verdade que o ser humano não pode viver muito tempo sem alimentar-se ou sem beber água ainda é mais verdadeira a afirmação de que nenhum homem vive sem buscar a felicidade. Cada cálculo, ato e decisão do homem são norteados pelo desejo insaciável de alcançar a felicidade.

E daí decorre todas as pugnas do homem. Uns querem ser ricos e famosos, vão, portanto, buscar nisso a felicidade. Outros pensam encontrá-la pela força e pela tirania. Também varia quase ao infinito os anseios dos homens.

Muitos conseguiram grandes riquezas, outros foram importantes governadores, contudo quais foram realmente felizes e possuidores de uma felicidade "intensa" e, sobretudo, perpétua, eterna e absoluta?

A felicidade perpétua: alvo de todos os homens. Mas muitos cometem o erro de não identificar bem o que é a felicidade perpétua e acabam trocando-a por uma felicidade aparente, tantas e tantas vezes mentirosa.

O que é então a perpétua felicidade?

No ano de 205, o Imperador Severo organizou uma perseguição contra os católicos. Julgava ele que a felicidade se encontrava nos prazeres desta terra e vendo-se contrariado nos seus desejos pelo modo de vida dos cristãos ordenou uma cruel perseguição.

Não sabia ele que perseguia aqueles que eram herdeiros da perpétua felicidade. Entre os quais se encontravam duas mulheres: Perpétua e Felicidade.

Perpétua tinha 22 anos quando foi aprisionada, era romana de boa posição social e que ainda amamentava seu pequeno filho. Felicidade estava grávida e era escrava de Perpétua. Porém o desejo de chegarem à perpétua felicidade unia mais Perpétua a Felicidade do que o contrato senhora e serva.

As duas prisioneiras por amor à religião Católica foram fiéis e não aceitaram sacrificar aos ídolos. Por isso, a única atitude das autoridades civis foi deixá-las aprisionadas até que chegasse o dia da condenação.

Na prisão, junto com seus companheiros de infortúnio presente, rumo à eterna bem-aventurança, aquelas valentes mulheres aproveitavam para crescer no conhecimento e amor a religião de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Homem-Deus, a quem elas sabiam que era a Felicidade. Não só o amor aumentava, mas também as dificuldades: Perpétua era frequentemente instigando por seu pai pagão, a quem ela amava de verdade, a renegar sua religião. Além disso, via com pesar que se separaria de seu querido filho. Felicidade por sua vez estava prestes a ser mãe, contudo não poderia se rejubilar por muito tempo pela presença do filho. Estes e outros muitos tormentos passavam pelas almas das duas prisioneiras.

Porém, resolutas a obter a Felicidade Perpétua pediram forças a Deus para chegarem até o holocausto: Perpétua era favorecida com visões consoladoras, que ficaram registradas. Felicidade teve seu filho, mas soube desapegar-se dele quando chegou o dia da condenação, bem como Perpétua que não cedeu às investidas do pai e não se apegou ao próprio filho.

No dia marcado para se cumprir a sentença de morte todos os prisioneiros pareciam que iam para uma festa solene, tal era a formosura de suas faces.

Chegaram ao anfiteatro, lugar de chacina onde tantos já haviam sido violentamente mortos pelas feras. A cada prisioneiro competia uma besta diferente: javali, leopardo, urso. Uma vaca selvagem seria o instrumento de martírio de Santas Perpétua e Felicidade.

As duas entraram em público de maneira nobre e distinta e mesmo que Felicidade fosse escrava sua dignidade de cristã lhe concedeu grande pompa e distinção. O animal feroz se precipitou sobre Perpétua que caiu por terra, mas logo se reergueu, arrumou os cabelos e as vestes, como se desdenhasse a morte, e juntou-se a Felicidade que já havia sido atacada para esperar um novo golpe do animal. Contudo, por uma razão inesperada toda a plateia gritava dizendo que era suficiente.



Os responsáveis pelo massacre dominaram a fera e retiraram as duas da arena. Um pouco surpresas pelo sucedido as duas santas não estavam satisfeitas por não terem sido mortas, afinal estavam a um passo da eterna bem-aventurança: a felicidade total e eterna. Por que isto não se consumou?

Mas logo se viram atendidas nos seus anseios. As duas foram conduzidas a outro lugar. Ali um verdugo degolou Santa Felicidade.

O carrasco de Santa Perpétua errou o primeiro golpe e foi preciso que a própria santa esticasse melhor o pescoço para facilitar o trabalho do assassino.

As duas santas deram o exemplo de que em nada se encontra a felicidade verdadeira e perpétua senão no fazer a vontade de Deus custe o que custar: dinheiro, honras, glórias, poder, qualquer coisa, pois apenas Deus é capaz de saciar a sede de felicidade que o ser humano tem da felicidade.

(Gaudium Press)

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